domingo, 14 de julho de 2013

A Expansão Banta no Continente Africano

Google Imagens/Reprodução

A Expansão Banta no Continente Africano: possíveis origens antes da expansão, o protobanto, as características econômicas, o processo de expansão (bantos ocidentais e orientais), o impacto de influências asiáticas como a banana e o ferro

Banto não é uma cultura, povo ou território e sim um tronco linguístico. A palavra banto quer dizer "povo" ou "homens" e foi utilizada para designar os povos que falavam línguas aparentadas no continente africano há milhares de anos.

As línguas bantas modernas teriam se originado do protobanto. O protobanto é uma criação dos linguistas que defendem duas teorias distintas de que o protobanto teria se originado no noroeste ou no sul do continente africano. O linguista Joseph Greenberg defende a teoria de que os protobantos teriam se originado no noroeste: no rio Benué, na fronteira da Nigérias com Camarões. Um outro linguista, Malcom Guthrie defende a teoria de que teriam surgido no sul, na floresta equatorial ao norte do Chaba. Mas Jan Vansina não destitui nenhuma das duas hipóteses, alegando que ambas se complementam. Alberto da Costal e Silva fala de um banto noroeste ou primitivo, e de um banto sul ou secundário.

Como a história da África foi construída a partir, principalmente, de fontes arqueológicas e história oral, o estudo dos vocábulos protobanto foi o que permitiu a reconstrução hipotética dos modos de vida desse povo. Os protobantos eram grandes produtores de alimentos, tecidos de ráfia, cestos, agricultura nas bordas da mata, pescadores e se organizavam em extensas famílias.

Esses povos moravam a distâncias umas das outras e seus números aumentavam constantemente em um espaço geográfico e propício e, embora conhecessem a agricultura e criassem animais, viviam em grande parte da pesca, da coleta e da caça; para isto, necessitavam de vasto espaço para exercer essas funções sem entrar em choque com os vizinhos. Então, o aumento da densidade demográfica e o ressecamento do Saara foram os fatores que motivaram esses povos a se deslocarem lentamente para o sul (a medida que aumentavam em números, os protobantos foram avançando para leste e para oeste). Esse deslocamento irá segmentar, dividir os protobantos: os grupos que se expandiram para o leste deram origem às línguas bantas orientais e os que se expandiram para o poente e sul, deram origem às línguas bantas ocidentais. Jan Vansina propõe uma outra teoria para a expansão dos bantos, eles diz que há milhares de anos nas pradarias do Camarões falava-se o idioma Bin e que o banto, então, deixou de ser um item à parte na chave das línguas africanas e os bantos oriental e ocidental faziam parte de algo muito mais aberto e antigo.

Os bantos ocidentais se desenvolveram entre o rio Cross, no Atlântico e nas montanhas no sul do camarões, chegaram ao rio Zaire e à Namíbia. Os bantos orientais se desenvolveram na região dos Grandes Lagos e foi entre eles que o ferro passou a ser difundido. A influência asiática se dá quando os indonésios fundam colônias e entrepostos na África Índica e os habitantes do continente se apropriam da bananeira, coqueiro, dos inhames asiáticos e de outras sementes e raízes que foram trazidas nos barcos indonésios. Jan Vansina sugere que o impacto da banana foi maior que o ferro, pois a banana é de fácil cultivo, requer pouco trabalho e dá frutos; o que tornou, então, a vida mais fácil e permitiu a migração para o interior.

A economia é sustentada com a mineração e a metalurgia, principalmente com esta última. Em alguns lugares, a presença de jazidas de ferro irá estimular a produção de artefatos que facilitará a caça e a pesca, além da troca desses produtos que tem como consequência o desenvolvimento dos primeiros vínculos de sujeição. A expansão dos povos bantos não se deu com exércitos (embora usassem a força quando necessário), mas pra suprir necessidades, por colonos que ocupavam territórios que pareciam estar vazios.


Referências Bibliográficas

ALTUNA, Raul Ruiz de Asúa. Cultura tradicional banto. Luanda: Secretariado Arquidiocesano de Pastoral, 1985.
SILVA, Alberto da Costa e. A Enxada e a Lança: a África antes dos portugueses. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, São Paulo, EDUSP, 1992.


2 comentários:

  1. Obrigada. Gostei, mas essa parte queria entender melhor: "A expansão dos povos bantos não se deu com exércitos (embora usassem a força quando necessário), mas pra suprir necessidades, por colonos que ocupavam territórios que pareciam estar vazios."

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  2. Muito bom...Embora acho que podia ser mais extenso, pois minhas dúvidas não foram totalmente esclarecidas.

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