segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Audrey Niffenneger - A Mulher do Viajante no Tempo


The Time Traveler's Wife
Autor(a): Audrey Niffenegger
Editora Br: Suma das Letras
Páginas: 456
Gênero: Literatura Estrangeira/Romance

About: Um dos grandes sucessos literários da última década nos Estados Unidos, o romance de estréia de Audrey Niffenegger é a história de um casal que enfrenta um problema inusitado. Henry DeTamble tem uma rara condição genética: quando sofre o efeito de uma forte emoção, ele é transportado instantaneamente para o passado ou o futuro. De quando em quando, Clare Abshire, sua esposa, se vê sozinha a esperar pelo seu retorno, tal qual a Penélope da mitologia grega. No entanto, onde poderia haver apenas saudade, solidão e estresse emocional, eles percebem a dádiva de poder renovar constantemente seu vínculo, olhando um para o outro sob diferentes prismas. Transportando-se aos sobressaltos para a infância, a adolescência e a juventude de Clare, Henry aos poucos desvenda a mulher que ama. E ela, através das forçadas mudanças de perspectiva, percebe que, de qualquer ângulo, ele é responsável por alguns dos momentos mais especiais da sua vida.

Opinião: Sabe quando você compra um livro pela capa e não se arrepende? Sabe quando você encontra um daqueles livros em que você sempre vai ler algum pedacinho todo dia? Sabe aquele livro-mascote? Eu não, até agora. A Mulher do Viajante no Tempo tá na minha estante desde o dia 11.02.2011 e eu não sei por que cargas d'água eu não o li antes. Comecei a lê-lo no último final de semana de Julho e só consegui terminar ontem, acho que nunca demorei tanto tempo pra terminar um livro - os textos deprimente da faculdade me tomam todo o tempo. O lado bom é que eu fiquei com Clare e Henry por mais tempo do que eu ficaria se tivesse com "tempo livre".

É uma história diferente de qualquer outra que já vimos (pra mim, pelo menos), tinha tudo pra se tornar um drama, mas a Audrey Niffenegger é tão *inserir um adjetivo entre a humildade e a bondade* que narrou o cotidiano desse casal singular de uma forma tão simples e modesta que deu pra entender que o amor, sem demagogia, era a base dessa relação, o que sustentava o casal e fez a Clare tão tolerante e compreensiva apesar de toda a dificuldade. A riqueza de detalhes é tão grande que fica difícil não nos teletransportarmos - assim como o Henry, talvez - para o mundinho do casal.

Clare conhece Henry ainda criança, se apaixona sem saber que o homem que aparecia constantemente pelado (a melhor parte e mais engraçada haha) nos arredores da sua casa seria o seu marido e amor da sua vida (que brega, vixe haha). No início, a Clare criança e o Henry de 40 anos a visitando, Clare se apaixona e até sente ciúmes quando o Henry diz que é casado (com ela, fato que ela desconhece até pelo menos os 18 anos ou adolescência, não sei ao certo). Niffenegger vai e volta, do início ao fim da história do casal assim como Henry vai e volta do passado, presente e futuro. Deve ser uma experiência maravilhosa ver, aleatoriamente, várias fases da "personalidade" de seu companheiro - isso é possível tanto pra Clare quanto pro Henry. Interessante também é a idéia de que o Henry parece estar preso à um ciclo, de uma certa forma ele quase que se torna imortal pois mesmo depois de "morto" no presente ele consegue conviver, por alguns momentos, com Alba e no passado, com sua falecida mãe e seu pai-na-fase-boa.

Eu não consigo falar tudo o que percebi de interessante no livro, o li em dois meses e muita coisa que pensei comentar aqui já esqueci. É lindo, lindo, lindo. Se tornou um dos meus livros preferidos, é ótimo para dar de presente e pra lermos alguns trechos diariamente. Dobrei muita página, vou tentar digitar tudo que achei legal.


"As coisas parecem simples até pensarmos nelas. Por que a ausência intensifica o amor?
Há muito tempo, os homens iam para o mar, enquanto as mulheres ficavam na praia, esperando e procurando o barquinho no horizonte. Agora espero Henry. Ele some sem querer, sem avisar. Espero. Tenho a sensação de que cada minuto de espera é um ano, uma eternidade. Cada minuto é lento e transparente como vidro. A cada minuto que passa, vejo uma fila de infinitos minutos, à espera. Por que ele foi aonde não posso ir atrás?"
 (Pág 09)   

"É irônico. Todos os meus prazeres são caseiros: ficar relaxado na poltrona e curtir as emoções calmas da vida doméstica. As alegrias que peço são modestas. Um romance de mistério na cama, o cheiro dos longos cabelos ruivos de Clare molhados depois do banho, um cartão-postal de um amigo em férias, creme se diluindo no café, a maciez da pele embaixo dos seios de Clare, a simetria das sacolas de compras na bancada da cozinha esperando ser arrumadas. Gosto de passear pelas pilhas de livros deixadas na biblioteca depois que os clientes foram para casa, tocando de leve suas lombadas. São estas coisas que podem me deixar morto de saudade quando o capricho do Tempo me desloca delas."
"Odeio estar onde ela não está, quando não está. No entanto, vivo partindo, e ela não pode vir atrás."
 (Pág 11)


"Estou na clareira e o sol está se pondo acima das árvores numa espetacular explosão de vermelho e laranja digna de uma pintura."
(Pág 47, parece uma fotografia *-*)


"Os mortos precisam da nossa lembrança, ainda que isso nos corroa, ainda que só seja possível dizer eu sinto muito até essa expressão perder o sentido."
(Pág 106)


- Mas o senhor não acha – insisto – que é melhor ser extremamente feliz por pouco tempo, mesmo que se perca essa felicidade, do que passar a vida inteira apenas bem?
(Pág 203)


O que há de irresistível na criação artística – ou na criação de qualquer coisa, suponho – é o momento em que a idéia vaga e insubstancial se concretiza, vira coisa, uma substância num mundo de substâncias.
(Pág 242)


- O que vamos fazer agora? – pergunta Gomez. Henry e eu nos entreolhamos.

- Bookman’s Alley – falamos juntos.

Gomez resmunga.

- Ai, meu Deus. Livraria, não. Nossa Senhora, tende piedade de vosso humilde servo...
(Pág 250, parece eu haha)


"Como um anjo. Todo anjo é terrível. No entanto, ai de mim, eu vos invoco, pássaros quase mortais da alma... São só as asas que eu quero dar pra ele."
(Pág 401)


"Se a memória apaixonada pudesse levantar os mortos, ela seria a nossa Eurídice, ressuscitaria como a Lady Lázaro de sua morte teimosa para nos consolar. Mas nem todos os nossos lamentos poderiam acrescentar um único segundo à vida dela, um único batimento cardíaco a mais, uma única respiração. A única coisa que minha vontade pôde fazer foi me levar até ela. O que Clare terá quando eu me for? Como posso deixá-la?"
(Pág 418)


"Às vezes, acordo e estico o braço procurando Henry. O sono apaga todas as diferenças: passado e presente; morte e vida. Já não tenho mais fome nem vaidade, nem mais com que me preocupar."
(Pág 435)


"Clare, quero dizer, de novo, que te amo. Nosso amor foi o fio no labirinto, a rede embaixo de quem caminha na corda bamba, a única coisa verdadeira e confiável nessa minha vida estranha. Esta noite, sinto que meu amor por você tem mais densidade neste mundo do que eu mesmo tenho; como se pudesse permanecer depois de minha morte e te rodear, te proteger e te segurar."
(Pág 437)


Postagem de número 200!

2 comentários:

  1. Me perdoe somente comentar essa postagem mais de dois meses depois, mas agora que tive acesso a ela.
    Nossa, eu já quero esse livro! Gostei da sinopse e da sua opinião. Gostei dos quotes e tenho certeza de que será uma boa leitura.
    Por coincidência você comprou esse livro exatamente no dia do meu aniversário 11.02 (:-)
    Muito bom, quando eu comprar e terminar de ler farei minha resenha lá no meu Blog.
    Até!

    ResponderExcluir
  2. Coincidência mesmo, haha.
    Adorei o livro, a escrita de Audrey Niffenegger é muito boa, ela narra os fatos de uma forma tão singela que você se transporta de verdade pra história.

    ResponderExcluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...