terça-feira, 10 de maio de 2011

Ally Condie - Destino

 NO FUTURO, A SOCIEDADE ESCOLHE:

ONDE VOCÊ MORA. O QUE VOCÊ COME. ONDE VOCÊ TRABALHA.
COMO VOCÊ SE DIVERTE. COM QUEM VOCÊ SE CASA.
QUANDO VOCÊ MORRE.
Matched
Autor(a): Ally Condie
Editora Br: Suma de Letras
Páginas: 238
Gênero: Literatura Estrangeira, Romance 


Sinopse:
Na distopia criada pela autora, o futuro parece muito tranquilo. Os indivíduos têm acesso à educação, emprego e todo o bem-estar que um governo pode proporcionar - as ruas são extremamente limpas e organizadas e os meios de transporte são moderníssimos. Mas é esse mesmo governo, a quem todos chamam agora de Sociedade, é que decide onde se deve morar, o que comer, onde trabalhar, como se divertir, com quem se casar e quando se deve morrer.
"Quando penso sobre de onde veio a idéia para este livro, tenho que dar todos os méritos ao meu marido", revela a autora. "Nós estávamos tendo uma conversa sobre casamento, e ele perguntou: e se o governo pudesse decidir com quem as pessoas deveriam casar, e se este sistema fosse realmente excelente? E então nós começamos a falar sobre a idéia das pessoas serem divididas por pares."
Em "Destino", primeiro livro de uma trilogia, a protagonista Cassia tem absoluta confiança nas escolhas que a Sociedade lhe reserva. Ter o futuro definido pelo sistema é um preço aparentemente pequeno a se pagar por uma vida tranquila e saudável e pela escolha do companheiro perfeito para formar uma família. Como a maioria das meninas, aos 17 anos, ela já está pronta para conhecer seu Par. Após o anúncio oficial, a menina sente-se mais segura do que nunca. Romântica, sonhava há anos com o momento do Banquete do Par, a cerimônia em que a Sociedade aponta aos jovens com quem irão casar. Quando surge numa tela o rosto de seu amigo mais querido, Xander - bonito, inteligente, atencioso, íntimo dela há tantos anos -, tudo parece bom demais para ser verdade.
Na cerimônia, Cassia recebe um microcartão onde estão armazenadas todas as informações que precisa saber sobre seu futuro marido. Mas ao inseri-lo no terminal de sua casa, tem uma grande surpresa: a tela se apaga, volta a se acender por um instante, revelando um outro rosto, e se apaga de novo. É Ky Markham, um antigo vizinho, quem ela vê. Neste instante, o mundo de certezas absolutas que conhecia parece se desfazer debaixo de seus pés. Agora, Cassia vê a Sociedade com novos olhos e é tomada por um inédito desejo de escolher. Escolher entre Xander e o sensível Ky, entre a segurança e o risco, entre a perfeição e a paixão.
A partir deste momento, a autora cria um clima de angústia e expectativa em função da culpa que a adolescente sente por estar se desviando do que a Sociedade espera. Ao contrário de outras obras de ficção científica, o livro não é centrado em cenas de ação. "O universo de Destino foi inspirado em uma série de pequenas experiências ao longo de minha vida. Coisas aparentemente simples, mas que me marcaram de forma profunda, como aquela conversa com meu marido sobre o futuro e o meu baile de formatura. E outras coisas ainda mais genéricas, como a sensação de se apaixonar ou ter o primeiro filho. Acho que o meu livro é diferente das obras do mesmo gênero exatamente por estar centrado em questões mais introspectivas."

Opinião:
No futuro? É meio complicado falar disso, ninguém tem prova concreta e você corre o risco de ser chamado de lunático quando diz que somos controlados por pessoas/sociedades que por sua vez controlam governos e mídias. Há vários sites, blogs e videos no YouTube que contam diversas teorias, é difícil de acreditar em algumas (ou como dizem: somos educados a pensar que tudo não passa de ficção, que essas coisas só acontecem em livros e filmes) delas, mas se você observar bem por quê que depois de tanta tecnologia, tanta evolução, nós, seres humanos, temos regredido tanto? Por que consumimos coisas desnecessárias? Por que nos alimentamos mal? Por que não evoluímos no "sentido humano" (alma)? Por que tanta violência? Por que...? Por que...? São muitas as perguntas que pode nos fazer parar pra pensar e começar a entender que sim, de alguma forma e pra algum propósito nós somos manipulados. 

Não vou falar de nenhuma dessas teorias, não sei o que é verdade e o que é mentira, só sei que tudo é possível e não devemos duvidar de nada, descartar nenhuma hipótese por mais insana que pareça ser. O próximo livro que lerei será 1984 do George Orwell, comprei mês passado mas só vou começar hoje, e embora eu saiba a excência questiono: será que o(esses) autor(autores) descreveu uma sociedade tão distante da nossa, será que não temos um grande irmão que nos vigia, dita as regras pro "nosso bem"? O pior disso tudo não é a desconfiança, é desconfiar, ignorar, abrir um livro e dar de cara com essa  realidade - eu daria tudo pra voltar a pensar que é tudo ficção porque é realmente assustador.

O livro... 

No futuro imaginado por Ally Condie a Sociedade (governo) tem controle sobre absolutamente tudo: alimentação, estudos, trabalho, música, obras de arte, poemas, livros, casamento e morte. A alimentação e casamento são monitorados para que cada vez mais pessoas saudáveis nasçam, o par perfeito é designado a partir de combinações perfeitas/quase-perfeitas de genes e a alimentação é 100% saudável (não existe qualquer distúrbio alimentar ou doenças causadas pela falta ou excesso de comida). Todas as músicas, livros e poemas foram reduzidos a 100: houve uma seleção dos 100 melhores poemas, 100 canções, 100 livros... essa seleção para a redução de obras foram justificadas com o "excesso de informação" que as sociedades anteriores à ela (nós ou nossos filhos e netos) vinham sofrendo e as doenças conseqüentes à esse excesso. O trabalho é designado de acordo a sua ''capacidade'': um trabalho de observação e seleção que funcionários específicos fazem com base na observação e na coleta constante de dados sobre as pessoas. A morte é perfeita: sem dor, aos 80 anos, ao redor da família, sua comida preferida e, se não cometer infrações, com o direito de nascer de novo num futuro próximo a partir da coleta de DNA.

O leitor começa a descobrir tudo isso ao mesmo tempo que Cássia, uma adolescente que acabou de fazer 17 anos e conseqüente conheceu seu par, que por "sorte" foi o seu melhor amigo Xande. Cássia mora num bairro perfeito, tem os pais perfeitos, o par perfeito, um irmão não tão perfeito assim (irmãos são sempre pentelhos), até quando, por curiosidade, abre o microcartão que devia conter apenas os dados de Xande e vê o rosto de Ky - uma aberração que não tem o direito de ter um par. Cássia começa a se apaixonar por Ky e começa a ver que a sociedade em que vive não é tão perfeita quanto parece e após uma série de atitudes consideráveis para 'anotações' é "convidada" a se retirar de Oria e, aparentemente, a sua busca por Ky e sua luta contra a sociedade começa (no próximo livro, haha).

Além das teorias que citei no início do texto (até quando eu leio acho loucura) há vários detalhes interessantes pra observarmos e o que mais me chamou atenção foi a tecnologia que, se pararmos pra pensar, não destoa muito da nossa realidade: ELES NÃO SABEM ESCREVER! Digo, não gramaticalmente falando, mas à mão. Eles não escrevem à mão, apenas nos Escrevinhadores - seria uma espécie de máquina de escrever + computador, só que mais simples e portátil, a autora não descreve bem, mas pelo que entendi é mais ou menos isso. Isso acontece hoje, não? As redes sociais ''acabaram'' (eu acho que apenas evidenciou o descaso com a educação) com a gramática e a tecnologia nos forçou - pela falta de tempo, agilidade, busca constante de informação, "agregação" de conhecimento e uma outra série de coisas -, a não viver sem isso: "é muito mais rápido digitar do que escrever" FATO. O Word faz tudo por nós: corrige erros de gramática, ortografia, separar sílabas... gente, no papel eu nem sei mais como separar sílabas, sério. Detesto papel e caneta, minha escrita flui muito mais no Word pela facilidade de escrever > ler > revisar > apagar > ler de novo e pela segurança que a máquina me dá com o português. 

Enfim, esse livro dá muitos tópicos de conversa, perguntas e pesquisas. É interessante, mas é só mais uma ''histórinha'' com base em outras ''histórionas'', é apenas mais do mesmo. De mais do mesmo eu prefiro a série Feios de Scott Westerfeld, a excência é a mesma, porém com emoção, suspense e um pouco de aventura.

Quotes:
É estranho como nos agarramos a pedaços do passado enquanto aguardamos por nossos futuros.
(Pág. 12)

Como podemos apreciar qualquer coisa por completo quando somos sobrecarregados por coisas demais?
(Pág. 23)

A cada minuto que você passa com alguém, você entrega a outra pessoa uma parte da sua vida e toma um pouco da dela. 
(Pág. 45)

- Não fica chato? - A voz límpida da mulher que canta a canção se ergue sobre nós. - Já ouvimos as Cem Canções tantas vezes. 
-Às vezes são diferentes - diz Ky.
- São diferentes quando você está diferente.
(Pág. 100)

Só porque eu sonhei com aquilo, não significa que seja verdade.
(Pág. 105)

Ele não tinha palavras para mim. Por que eu deveria dar as minhas para ele?
(Pág. 125)

Eu costumava achar graça do desprezo mal disfarçado que o Oficial sente por nós. Hoje, eu o entendo. Sinto desprezo quando penso em como subimos nossas pequenas colinas quando os Oficiais mandam. Em como entregamos nossos bens mais preciosos quando pedem. Em como jamais, jamais, protestamos.
(Pág. 139)

- As palavras não são tranqüilas - diz Ky.
- Eu sei.
- Então por que elas fazem eu me sentir calmo? - pergunta Ky, espantado. - Não compreendo.
(...)
- Acho que é porque quando nós ouvimos elas, sabemos que não somos as únicas pessoas a se sentirem assim.
(Pág. 141 e 142)

Lembro das palavras e dos desenhos de Ky e percebo que nenhum lugar é completamente bom. Nenhum lugar é completamente mau. Andei pensando em termos absolutos. Primeiro, acreditava que nossa Sociedade era perfeita. Na noite em que vieram buscar nossos artefatos, acreditei que era perversa. Agora simplesmente não sei o que dizer.
(Pág. 155)

Uma coisa é fazer uma escolha, outra é nunca ter a chance. Sinto uma solidão fria e aguda dentro de mim. Como seria ser só? Saber que nunca poderia ter outra escolha?
(Pág. 158)

E quando me encontrar e perguntar o que estou fazendo, vou dizer a ela e a todo mundo o que eu sei: estão nos dando pedaços da vida real em vez da coisa inteira. E vou dizer a ela que não quero minha vida em amostras e retalhos. Uma provinha de tudo, mas uma refeição de nada.
Aperfeiçoaram a arte de nos dar só a liberdade suficiente. Suficiente para que, quando estamos a ponto de morder, nos ofereçam um ossinho e então rolemos, de barriga para cima, à vontade e saciados...
(Pág. 163)

Será que o poeta sabia como tinha sorte, por ter palavras tão lindas e ter um lugar para colocá-las e guardá-las?
(Pág. 179)

Por que algumas coisas são mais fáceis de escrever do que de dizer?
(Pág. 181)

É um equilíbrio delicado, dizer a verdade: o quanto dividir, o quanto guardar, que verdades ferem mas não arruínam, quis aquelas que criam feridas profundas demais para sarar.
(Pág. 233)


Um comentário:

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