terça-feira, 1 de março de 2011

Sara Gruen - Água Para Elefantes



Eu sabia que a Sextante ia lançar o livro com a capa do filme devido ao fato do livro estar esgotado desde o início do ano nas livrarias, mas mesmo assim eu comprei porque não estava mais agüentando de curiosidade e ansiedade, fora o desespero de ler logo por causa da estréia do filme. Ai, que livro gostoso de ler, anteontem eu sentei no sofá e li mais de duzentas páginas de uma vez só, terminei ontem chorando e louca pra ver o Rob como o Jacob. Eu não consegui imaginar a Reese como Marlena, pelo menos a caracterização não foi justa, eu imaginei a Marlena bem jovem e fizeram a Marlena parecer um pouco mais madura. Jacob é divertidíssimo, ri muito com ele velhinho. Christoph Waltz é perfeito pra interpretar o August, sério, nunca vi um ator se encaixar tão bem num personagem quanto ele. 

A história é linda de triste, digo isso por Camel e Walter, chorei com eles. Confesso que quando as pessoas diziam que havia uma tragédia na história eu imaginava que o circo pegava fogo e todos, menos Jacob e alguns personagens não tão importantes, morreriam - August e Marlena também, e Rosie. Mas não, Jacob se dá bem no final, ele consegue Marlena, fica com Rosie, vive uma vida feliz, passa mais alguns anos no circo e fim, só se dá mal na velhice e mesmo assim no final ele volta pro circo. Na minha cabeça o circo seria só uma vaga lembrança, algo que tinha acontecido na sua juventude e se tornou uma "história pra contar pros netos". Vendo o trailer, aparentemente ele não está no asilo, então meu palpite é que ele conta o que viveu pro neto ou filho mais velho; acho que ficaria legal se ele contasse pro filho mais velho que ele não era seu pai verdadeiro, e sim August, e nisso mostrasse como conheceu a mãe e tal, porque assim: Jacob não sabia contar desde jovem, porque Marlena não podia estar grávida dele, eles não tinham tanto tempo juntos. Não tem quem me tire da cabeça que aquela criança não seja do August, mas vai saber né.

É lindo, divertido, doce, engraçado... um pouco triste, mas no final vale muito a pena. Fiz 14 marcações, e o que não falta são citações interessantes.


- Eu costumava levar água para os elefantes - diz McGuinty.
- Não, você não levava - digo.
- Como é que é? - diz ele.
- Você não levava água para os elefantes.
- Claro que eu levava.
- Não, não levava.
- Você está me chamando de mentiroso? - diz ele, devagar.
- Se você diz que levava água para os elefantes, sim, estou chamando você de mentiroso.

- Temos talvez um terço da qualidade do Ringling. Você já sabe que Marlena não é nenhuma princesa Romena. E Lucinda? Não chega nem perto dos 400 quilos. Uns 200, no máximo. E você acha mesmo que a tatuagem de Frank Otto foi feita por furiosos caçadores em Bornéu? Claro que não. Ele era um anotador de apostas no Esquadrão Voador, trabalhou nisso por nove anos. E você quer saber o que Tio Al fez quando o hipopótamo morreu? Ele trocou a água do bicho por formol e continuou a exibi-lo. Durante duas semanas viajamos com um hipopótamo em conserva. É tudo ilusão, Jacob, e não há nada de errado nisso. É o que as pessoas querem de nós. É o que elas esperam. 

Mesmo quando olho direto nos olhos leitosos e azuis no espelho, não me encontro mais. Quando deixei de ser eu?

Ela continua a apontar. piscando para mim seus olhos muito próximos um do outro. As feições são côncavas, a cara parece um prato grande com uma franja avermelhada. É a coisa mais terrível e mais bela que já vi.
O orangotango-fêmea envolve a minha mão com seus dedos compridos e depois a solta. Então se senta nas ancas e descasca a laranja.
Olho assombrado. Ela estava me agradecendo.

- Que diabo está acontecendo com vocês esta manhã? Eu devia mandar todos embora. Pete não quer fazer o que tem que fazer e você primeiro desaparece e depois me vem com uma cena romântica entre você e o elefante. Onde está a porra do gancho.

Eu o odeio. Eu o odeio por ele ser tão bruto. Odeio estar submisso a ele. Odeio estar apaixonado por sua mulher e sentir algo muito parecido com isso pela elefanta. E, acima de tudo, odeio ter decepcionado as duas. Não sei se Rosie é inteligente o suficiente para me relacionar ao castigo que recebeu e me pergunto por que não fiz nada para impedi-lo, mas estou relacionado e não fiz nada. 

Quando é que as pessoas vão aprender que, só porque se consegue fabricar alguma coisa, isso não significa que se deva fabricá-la?

- Às vezes, quando envelhecemos, e não estou falando do senhor, estou falando em geral, porque cada um de nós envelhece de modo diferente, as coisas em que pensamos e que desejamos começam a nos parecer reais. E, então, acreditamos nelas, e antes que nos demos conta, elas começam a fazer parte da nossa história, e se alguém discorda de nós, dizendo que essas coisas não são verdade... bem, nós nos sentimos ofendidos. Porque não nos lembramos mais da primeira parte da história. Só sabemos que nos chamaram de mentirosos.

Isso nunca vai acontecer. Ele a ama mais do que a própria vida - claro que ela sabe disso. Ele não entende o que lhe aconteceu. E vai fazer de tudo para que façam as pazes. Ela é uma deusa, uma rainha, e ele é só uma poça de remorsos miserável. Será que ela não vê como ele está arrependido? Ela está querendo torturá-lo? Não tem coração?

- Quando duas pessoas nascem para ficar juntas, elas ficarão juntas. É o destino.

Olho fixamente no olho da elefanta. Rosie, por favor. Entenda o que está acontecendo aqui. Por favor.
- Qual é o nome dela? - pergunta Dick, olhando para mim por sobre o ombro. 
- Gertrudes.

Meu Deus. Não só estou desempregado e sem teto como tenho uma mulher grávida, uma cachorra enlutada, uma elefanta e 11 cavalos para cuidar.

- Foi uma coisa séria, realmente. Lembro como se fosse ontem. Puxa vida! Lembro-me disso até melhor que ontem.

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